E as cortinas se
abrem.....1,2,3 gravando....quem nunca ouviu essas citações? Pois é, 19 de setembro é comemorado o Dia Nacional do Teatro, uma
das expressões artísticas mais importantes no mundo. A palavra teatro deriva do
grego theaomai que significa ter uma experiência intensa, envolvente,
meditativa, inquiridora, a fim de descobrir o significado mais profundo, uma
cuidadosa e deliberada visão que interpreta seu objeto.
No Brasil o
teatro surgiu no século XVI, tendo como motivo a propagação da fé religiosa. Com
a ditadura militar e consequentemente a censura imposta na época. Com o fim do
regime militar, ele estabeleceu novas diretrizes e hoje os artistas são
considerados agentes formadores de plateia e incentivadores de novas gerações.
Para Camila
Faria, jornalista, 25 anos, de Tambaú, o que mais lhe agrada no
fazer teatral é a resposta imediata que você tem com o público, “como diz a
atriz Cléo de Paris, da Companhia Os Satyros, - O teatro não tem rede de
proteção.”
Paulo Rogério Rocco, Diretor Teatral e Publicitário, de 48 anos, também de
Tambaú, diz que se fosse resumir teatro em uma única palavra seria oxigênio. “No
sentido da necessidade não só para minha existência, mas para a sobrevivência
do homem. Como toda forma de arte, talvez. Mas por sua característica
libertária, contestadora, instrutiva e por ser o próprio espelho do ser humano;
o Teatro é um passo além das outras formas artísticas. Teatro para mim é a
forma que tenho de me expressar, de gritar contra o que acho injusto, de
proclamar meu ponto de vista, de declarar o que amo. Se fico muito tempo sem
escrever, sem produzir, sem dirigir – por razões diversas – falta-me essa minha
“voz” que é o Teatro. Falta-me essa energia que só é encontrada no palco.
Falta-me vida. Oxigênio.”
A direção de um trabalho
teatral é feita de várias maneiras, existem escolas e linhas técnicas e/ou
criativas que podem ser seguidas. Diretores e suas teorias que são tão
contraditórias quanto complementares umas das outras. Com cada grupo ou elenco o
diretor pode aplicar um estilo de Direção para tal processo ou ao texto, mas no
final das contas, pelos anos de experiência, acaba prevalecendo um estilo
próprio.
Para outros, esquematizarem
todas as cenas já com as marcações dos atores, características técnicas de
iluminação, sonoplastia e intervenções de vídeo quando houver finalização das
interpretações com o trabalho de direção dos atores, propriamente dita, pode
ser outro exemplo.
Para a jornalista que
começou teatro partir de um convite do diretor teatral Paulo Rogério Rocco, onde
estava com o elenco formado e ensaiando uma peça de sua autoria chamada “O Anjo
do Bosque da Solidão”, uma história baseada em fatos reais. Ela relata, “ele me
ligou e disse vou te mostrar o cartaz, com isso me perguntou se eu não via
nenhum erro, dizendo que não, logo mostrou meu nome com participação especial.
Em um dos ensaios o diretor teve a ideia de colocar no altar da igreja, onde
acontecia o casamento dos personagens que agora não me recordo os nomes, a
imagem de Santa Terezinha real, que no caso seria eu para reproduzir a
desconstrução do altar, após louco apaixonado entrar na igreja e atirar no
casal. Esta tragédia aconteceu na igreja Santa Terezinha, na cidade de São
Paulo. Fiquei animada, mesmo entrando muda e
saindo calada, mais seria minha primeira apresentação teatral, mas esta não
aconteceu. Após não sair do papel teve várias peças que atuei e outras que
participei da produção.”
“O teatro é ação, reação e
emoção. A arte da atuação é difícil de explicar é uma troca imediata de emoção
do personagem com o público, independente do gênero teatral.” Camila está no
meio a 10 anos, mas a correria do dia a dia fez com que deixasse o palco de
lado, mas garante que sente muita falta, “aprendi muito e conheci muitas
pessoas importantes, tanto que meu trabalho de conclusão de curso foi
relacionado a teatro, devido à grande abertura que essa arte proporciona.”
Finaliza Camila.
Paulo está entre as cortinas
há 32 anos, e explica o processo criativo teatral. “Meu processo de criação
parte sempre da ideia. Que pode vir de um texto lido, de uma imagem, de um
sonho, de uma inspiração. Em um dos meus espetáculos mais recente, por exemplo,
“A Luz dos Olhos Teus”, tinha há muito tempo a ideia de escrever e dirigir um
trabalho sobre um ator que morava sozinho em um teatro abandonado. Depois de um
tempo tinha outra parte da ideia, de como o amor poderia salvar esse
personagem. Quando fui cursar minha pós-graduação em Direção Teatral pela
Escola Célia Helena, no primeiro dia em que falaram sobre o TCC e um espetáculo
que faria parte deste trabalho, já pensei na minha história. Daí para a
continuidade do processo foi algo natural. Apliquei os conhecimentos do curso
sempre na ideia inicial e um ano e meio depois estreava o espetáculo.
Atualmente, com o elenco da Escola de Teatro que também dirijo, iremos montar
“Os Miseráveis”, de Victor Hugo, mas com um estilo de literatura de cordel.
Esse processo, por exemplo, já partiu do texto. Li o livro quando procurava um
roteiro para montar com os alunos. Posso dizer que, no meu caso, o ponto de
partida pode vir de várias formas. O resultado final, no entanto, é sempre ver
essa ideia no palco, para que, ao acender as luzes, ela possa chegar aos olhos
e ao coração do público. Aí tudo terá valido a pena.” Relata Rocco.
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